segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

A chacrinização do estudo do Português, um texto de Rose Marinho Prado

- Tudo é ficção, quem escreveu isso foi Dona Emerenciana Aleixo .
Podia ter bidodinho, mas era quase sempre arrogante. Isso até por volta de 1980. Odiado. Até por Drummond. Depois o assassinaram, ou melhor, assassinaram a espécie. Enterrado, pensou-se em substituí-lo por um comunicador que entendesse as funções da linguagem de Jakobson. Chacrinha em alta.
E assim a entidade quase mediúnica que era o professor de Português, deixou a escola pátria. E a nossa língua não mais viveu a saborosa união antropofágica com os anglicismos. O inglês a devorou. Nhoc! O people enfraquece. Por essa Oswald de Andrade não esperava!
E a humanidade perdeu com isso, porque se esse chato mestre vivia apoquentando com regrinhas da concordância verbal e nominal =- de acordo com os rigorosos preceitos da gramática escorreita! - ele garantia o respeito ao idioma dos eruditos. Caminhemos, de bonde com a erudito e o popular. Passeio doce, eclético, íntegro.
E ai que saudade tenho de quem me ensinava que o verbo concorda com o sujeito. Se eu lhe disser que entender de sintaxe acaba com a angústia porque dá clareza ao que você diz? Posso provar, mas teria de fazer uma tese e, iche! Puc não mais. Tempo passou. E aquilo é uma chatice!
Na Puc enfatizavam ser impossível saber o sujeito, tudo depende da intenção do falante! As professoras erravam o verbo na lousa. Uma vez corrigi , de raiva. A fulana me predeu na matéria dela, a linguística. Não fui à formatura cuja paraninfa era Lígia Fagundes! Para elas o bom era o O projeto hjelmsleviano e a semiótica francesa. Os alunos boiavam. Nem iriam precisar disso no seu cotidiano de trabalho. Puc, embrião para o pós. Atchim!
Assim foi. assim é. Mas o bom brasileiro na hora de fazer uma petição não precisa dos teóricos, nem da metalinguagem. "Veja em Machado da metalinguagem!" - essa porcaria virou o ensino da Literatura neste país. Catar a metalinguagem do Machado, debulhar texto e transformá-lo em pó.
E o professor Pasquale ( ótimo, sempre) na TV Cultura ia e vinha. Falava da concordância na normal culta para logo depois mostrar a letra do Chico que quebrava essa norma. Que raiva eu tinha dessas aulas. Primeiro passa a norma e deixa o povo quebrar! Se passa e quebra tudo vira farelo.
Isso não vai ajudar a nossa classe, a dos professores de português, os chatos e com bigode. Sou mulher, coloque um birotinho. Sou a dona de birote.
E sei que o bom brasileiro precisa muito de quem lhe diga todos os dias: " dê-me um cigarro". Os concursos ainda pedem isso!
E para terminar, tasco outro assunto, a semiótica (fica p outro dia). Quero dizer que essa tal semiótica, do Leme ao Pontal, a pior coisa do mundo pra acabar com o interesse dum sujeito pela literatura.

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