sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Dois orelhões desabados, nariz no chão. ( praça Polidoro)

Eu me obrigo a caminhar na Praça. E, nesse jugo, desencontrada de querer, passo a passo, encontro o morador de rua, braços abertos, sujo. Desvio o olhar. Porque obrigar-se a caminhar requer a dinâmica de se dizer ' a vida é bela, sigamos, amiguinhos'. O morador de rua provoca angústia. Há em nós a iminência de ser ele, num talvez. Todos podem se tornar seres largados por si mesmos, por nós, por eles.
Então me censuro por desviar os olhos.
Mas desvio os olhos assim mesmo, sigo.  Marchar, não. Aí já é demais!
O lago sem água desanima. Se antes não havia o mosquito da dengue, um arquiteto lírico sonhou o azul. Já era! 
O calor aumenta. Vamos sem lago.  Alcanço a banca da esquina . Dois orelhões desabados, nariz no chão. 
Passando um casal jovem e seu filho, olhar ávido de busca. Penso neste filhote que não sabe como teria sido o mundo antes da decadência.  
 -  Nem eu  sei, filhote,  o que houve, talvez, o neoliberalismo.
Duas voltas, fica bom. 

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

CONVERSANDO COM MINHA QUERIDA JÉSSICA COUTO

* Gnt não eh minha pretensão dar aula de historia pra ngm nem ser a dona da verdade do fcb, mas eh que não aguento mais ler as seguintes coisas: Tucanos vao instituir o holocausto no brasil contra pobres nordestinos e homoafestivos...Pt vai transformar o Brasil na nova Cuba.
Desculpem desde de ja mais meu desabafo eh gde pra caramba.
* fIQUE À VONTADE PARA DESABAFAR.
Minha familia eh praticamente tda composta por imigrantes acho q nenhum ou pouquissimos dos meus ancestrais viram o Brasil com escravos. Porem o raciocinio e a cultura escravista foram incorporados a eles, nota um dos meus bisavôs era da Tunisia(pais no norte da Africa), bem ...No Brasil empregadores, e a classe media alta sempre olhram para os empregados e as classes subsequentes como seus servos e nunca aprovaram que ascendessem, nem sequer que tivessem semelhante pder de compra. 
* CONCORDO. ISSO FAZ PARTE DA LUTA DE CLASSES, AQUI, NO BRASIL ACENTUADA POR CAUSA DA COLONIZAÇÃO. 
QUANDO OS IMIGRANTES VIERAM SOFRERAM MUITO, POIS OCUPARAM O LUGAR DOS ESCRAVOS AFRODESCENDENTES. SEI DE HISTÓRIAS TERRÍVEIS. PARECE-ME QUE OS JAPONESES SOFRERAM DEMAIS INDO TRABALHAR NAS FAZENDAS DE CAFÉ . RECEBERAM COMO MORADIA AS ANTIGAS SENZALAS. E FORAM TRATADOS COM A BOTA EM SUA CABEÇA. MAS OS ITALIANOS QUEIXARAM-SE DOS MESMOS TRATOS. CONSEGUIRAM, ASSIM COMO OS JAPONESES DRIBLAR A ELITE DO  CAFÉ COM LEITE E EM MENOS DE 100 ANOS ERAM DONOS DE INDÚSTRIAS. OS ITALIANOS MAIS AINDA, POIS ERGUERAM NOSSA CIDADE, NOSSA SÃO PAULO.
Qual de nos da classe media alta nunca ouviu "nossa a minha empregada eh louca de comprar um tenis nike pro filho" como se o empregador tivesse alguma coisa a ver com o q seu empregado faz com dinheiro q recebe. Essa mente escravista nos persegue, está incrustada na nossa consciência; na nossa cultura com um maldito cancer de pancreas..inacessível e fatal.
* NÃO SOU DA CLASSE MÉDIA ALTA, MAS JÁ OUVI ESSE ESPANTO PRA TODO LADO, MESMO NAS OUTRAS CLASSES MÉDIAS.

*No ano de 2002 Lula chegou a presidencia da republica e ate hj vimos uma radical mudança na sociedade: antes quase divididas em castas onde não havia nenhuma mobilidade e hoje onde vemos um enorme poder de compra(as custas o endividamento das familias), a oportunidade das classes D E ingressarem no ensino superior(ainda q em instituições menores), 

* SIM, CONCORDO COM VOCÊ. HOUVE UMA ASCENSÃO PARA A CLASSE MÉDIA. MUITOS TÊM PODER AQUISITIVO. MAS ISSO DE INGRESSAR NA FACULDADE ACHO QUE FOI BOM E NÃO FOI.  
FICO REFLETINDO EM QUE FACULDADE INGRESSARAM. POIS EM ALGUMAS DELAS, AS PARTICULARES, SEI DE GENTE QUE PEGA A FAMOSA DP E PAGA E PAGA E PAGA.
MELHOR TERIA SIDO O INVESTIMENTO NO ENSINO DE PRIMEIRO E SEGUNDO GRAUS. É ELE QUE CRIA O LIVRE PENSAR, É ELE QUE PERMITE QUE SE ESCOLHA ENTRE IR DE FATO PARA A FACULDADE ( RUBEM ALVES, FALECIDO ESTE ANO PREFERIA CURSOS TÉCNICOS. PARA ELE A FACULDADE DEVERIA SER UMA OPÇÃO E NÃO , UM PONTO NO CURRÍCULO. ELE ARGUMENTAVA QUE UM BOM CURSO DE BASE PODERIA LEVAR ALGUÉM A UMA VIDA BEM FELIZ, SEM NECESSIDADE DE PASSAR PELO VESTIBULAR E FAZER FACULDADE. 
**** e a atitude mais polemica ..O BOLSA FAMILIA, sim ele.. odiado o amado o controverso programa social q foi amplamente difundido pelo PT esua criação esta sendo revindicada pelo PSDB. Bem esse programa gostemos ou ****NÃO foi um ato de humanidade em alguns lugares do nosso pais lugares onde pessoas viviam em condiçao de subexistencia e subdignidade.
*NÃO ENTENDI: NÃO FOI UM ATO DE HUMANIDADE OU FOI ( INTERROGAÇÃO) 
(...)Porem este eh o pais da zueira sem limites e o programa q outrora tinha a intenção humanitaria, virou cabo eleitoral e hj conheço não um ou dois e sim mtos beneficiarios aqui em sp mesmo que viajam pra disney e fzm cirurgia plastica(ou seja tem um poder de compra bem acima do padrão). 

* SIM , MUITOS ESTÃO REIVINDICANDO PARA SI O BOLSA FAMÍLIA. É MEU.NÃO! É MEU.
EU GOSTO DO BOLSA FAMÍLIA SIM. ELE É BOM PARA OS QUE ESTAVAM ABAIXO DA LINHA DA MISÉRIA. É UMA AJUDA E TANTO. MAS É CLARO QUE NO PAÍS DA CORRUÇÃO E DA CORDIALIDADE ( VER SERGIO BUARQUE DE HOLANDA) ELE É CLARO QUE SERVIRIA PARA PAGAR BOTOX, VIAGENS ETC. MAS UMA COISA É UMA COISA É OUTRA COISA É OUTRA COISA.
MAS NÃO NEGO QUE PODER COMPRAR RECARREGA A AUTOESTIMA DE TODOS. 
MAS COM RELAÇÃO AO DESVIO DO DINHEIRO DO BOLSA PARA OUTROS BREGUETES, TEMOS DE PENSAR EM FAZER. DEPOIS, O QUE VEM, SE É CORRUPÇÃO , AÍ É COMBATÊ-LA, JÉSSICA.

*****É inegavel que nos brasileiros temos mto a agradecer ao PT, sim agradecer as conquistas sociais num pais arraigado ao escravismo tanto patroes qto empregados. Hj qm não tem condiçoes de ter um televisor em casa? Qm não tem um telefone celular?

* JÉSSICA, SIM, É VERDADE, MAS COMO TODA VERDADE HÁ NELA UM TANTO DE CONFUSÃO E TALVEZ ''MENTIRA'.
O CELULAR E INTERNET P TODOS É UMA NECESSIDADE DO CAPITALISMO. PORQUE TER A NET SIGNIFICA COMPRAR TECNOLOGIA. ISSO TUDO A GENTE PRECISA PENSAR.
CLARO QUE É DIVERTIDO TER INTERNET, TODOS TEMOS O DIREITO A TER TUDO ISSO, E CELULAR. MAS REPAREMOS QUE NA CHINA TAMBÉM HÁ CELULAR PRA TODOS, CREIO QUE SIM. SÓ O CONTINENTE AFRICANO , ABANDONADO E DEIXADO FORA DA CORRIDA CAPITALISTA ( RAPARAM TUDO DELE) É QUE NÃO RECEBEU ESSES ''PRESENTINHOS'. PORQUE NÃO HÁ PODER AQUISITIVO PARA QUE A POPULAÇÃO FAÇA SUAS COMPRAS ON LINE. 
FOI BOM QUE TODOS TENHAMOS ACESSOS AOS BENS DE CONSUMO. MAS HÁ NISSO ALGUM ENGANO. TER ENGENHOCAS NÃO TIRA NINGUÉM DO SUBDESENVOLVIMENTO MENTAL.SÓ A EDUCAÇÃO DE BASE E CONSTANTE,,,,RECICLAGENS PARA ADULTOS É CAPAZ DE FAZER ISSO.

******u lembro de um Brasil onde muitos não tinha sequer o que vestir...Sei que essas conquistas não eh somente trunfo do PT mas tbm de uma serie de mudanças no panorama global. 

SIM, CONCORDO. MAS NÃO SE ESQUEÇA DA NECESSIDADE DE QUE AS MERCADORIAS SEJAM VENDIDAS. HOJE NOSSA ECONOMIA BATE SEUS PÉS É NO SETOR TERCIÁRIO, ALIÁS, NÃO ENTRAMOS NA CRISE ( HÁ 3 ANOS) PORQUE AQUI FORAM DADOS INCENTIVOS ATÉ PARA QUE TODAS AS CLASSES PUDESSEM COMPRAR CARROS. VEJA QUE DE TANTO CARRO QUE TEMOS O CARRO PAROU NA CONTRAMÃO. 
* Contudo o PT foi sim uma ferramenta de transformação ainda q tosca e unilatera. Obrigada PT.

SIM, OBRIGADA PT, HOUVE UM TEMPO EM QUE MEU OBRIGADA FOI GERAL E IRRESTRITO.

Entretanto...A manutenção do poder por um unico bloco de liderança eh pessima para todos nos para a propria reciclagem e critica.

SEM DÚVIDA ,,,E AINDA MAIS SE TAL PERMANÊNCIA DE PODER ESTÁ ATRELADA A ESSA ALEGRIA DE PODER COMPRAR UNS BENS, UNS BADULAQUES FASHION, OUTROS TECNOLÓGICOS ,....PORQUE  HOSPITAIS BONS NÃO HÁ.

Claro q quem se beneficiou com PT vai votar no PT, porem este eh o momento de refletirmos...Qual foi o custo de tdo isso? Para onde estamos caminhando? Sera que não entramos numa espiral de poder pelo poder apos 12 anos? 

* SIM, CREIO QUE SIM. POR ISSO NÃO QUERO SABER MAIS DO PT. E DIGO QUE VOTEI SEMPRE NO PT ATÉ A ÚLTIMA DILMA.
O que foi conquistado hoje eh patrimonio do nosso povo esta estabelecido firmado. Oxigenar e reciclar eh necessario senão ate hj Getulio Vargas estaria no poder. 

CONCORDO: OXIGENAR , RECICLAR, CORRER RISCOS DE PERDER OS MÓVEIS DAS CASAS BAHIA, PAGOS EM MIL PRESTAÇÕES E COM OS EMPRÉSTIMOS CONSIGNADOS DOS APOSENTADOS.

*****Bem essa eh minha humilde opinião gostem os facers ou não.

GOSTEI DE SUA ESCRITA. VAMOS CONVERSAR MAIS VEZES.
BEIJOS MIL

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Oscilação de humor, uma verdade de tantos


É fácil atribuir uma tristeza repentina a mecanismos neurológicos. Encara-se a vida com propósito e tônus de humor e, de repente, desaba-se, meditabundo e largado. Remédio, minha Senhora .
Alguém diria, alguém dirá, se eu for a um desses psiquiatras de convênio que nem bem a gente abre a boca , jogam palavras : ''a Senhora tem um pé na bipolaridade!'' Foi o que ouvi há uns 2 anos. 
São burros. Não avaliam que a gente ainda é gente , que pode , no meio das piores dores psíquicas, encontrar as causas da prostração. Mas é preciso parar as atividades, nem que seja um dia.
Parei.. E ainda acordei mal. Volto pra cama.. E acordo de novo. Não exato alegrinha, que já ouvi notícias na rádio Estadão. NInguém pode ser preso! E no Rio de Janeiro parece que essa lei ou 'des-lei' está produzindo baderna, terror...
Ninguém pode ficar preso. Por causa da eleição. 
Bingo! Estava triste por causa da eleição! É que não vejo saída pro país. Eu não sou nacionalista, de cantar salve salve, mas eu gosto !do Brasil, do Brasil cheio de sonhos.
Hoje dou aula e vou lavar as panelas , uma vergonha para uma mulher ...deixar uma cozinha suja. Mas vem a faxineira. É de Minas, os filhos moram com a mãe numa cidade onde a água é vendida em caminhão pipa. Ela veio sozinha e manda dinheiro pra lá. Bonita , alegre, jovem...
Não sou mais jovem, mas, preciso da força de quem vem de Minas encontrar em si capacidade de luta.

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Cai outra vez em desânimo,

Cai outra vez em desânimo, ainda que tivesse rezado, caí, fiquei encostada na porta, olhando pra baixo, enrolando os cabelos com a mão direita, eu,  parada sem ir pra cozinha lavar prato -  e pensando que não pode ser assim sem celebrar, nem é que celebrar precise de balões de dia claro. Mas cair é perder-se na  vida esguia que, em céu  descorado.
Que mulher fraca de pensar que toda mulher é fraca.  Caí outra vez e não podia, não é do humano cair. Não pode! Porque o humano já é caído. 

Numa colher de madeira.

Tomates despencam da geladeira,minha vida não foi não foi brincadeira. Todo tomate sobre a colher que eu levo até a janela pesa .
Rola fácil, fico olhando da janela....Um homem passa, escorrega , equilibra-se , mas não cai.
Controle emocional é carência. Daí ser perdedora em vários grãos.
Vamos equilibrar um ovo na cabeça e andar na ponta dos pés. Um , dois. Ele se espatifa, escorre petróleo. A mim não serve, que de petróleo servem-se as máquinas. Preciso de gravetos: cada osso deste corpo é um ponto pra eu desenhar.
Desenhe com ossos e veja o quanto i bemóis de dor. Das mãos o movimento crispa o vermelho, sem os azuis de tangerina. 
Desde os quinze anos debrucei-me sobre um pato que dissequei, o pato sou eu. E, com luz tíbia, mesa cambaia, abri um coração para de dentro arrancar tripas. 
Deserta, soldado. Ele não deserta, vai, cego. E a mãe do ali aluno pergunta se ainda estou nisso de dar aula. 
Aula, minha Senhora, não é aula. Sou eu me pondo à prova da porosidade. Que um vez choveu, em mim, veio a penumbra, daí minha vez de equilibrar o sol ovo. Numa colher  de madeira.
E é a madeira o que me ama. Venho das árvores, dum galho onde não fiz casa, por falta de mira. Se ando pra cá é o lá que me canta. Se viro à esquerda, é um país que vejo desmoronar.
Carmen Miranda: o Brasil acabou. A tal brasilidade veio farol, virei cega.É a madeira que me ama. Venho das árvores, venham-me as árvores, antes que não haja mais terra.
A educação, a educação, a educação.



sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Não sou uma mulher que tenha óleo de máquina em casa. Quem sou eu afinal.

Não sou uma mulher que tenha óleo de máquina em casa. Quem sou eu afinal.
Nem toda faxineira irá me compreender. Nunca fui dona de casa, não entendo de óleo de máquina ...ainda mais de costura!
Mas não entendo também de outras coisas que donas de casa entendem. Eu nunca tive bem uma casa, sempre morei no entorno duma espécie de escola. Sou um rato de escola, um giz, uma lousa, uma coisa!
Tudo vai se tornando difícil à medida que envelheço. Pois , chega uma hora que as pessoas não vão mais entender minimamente que eu não seja uma mulher que não tenha óleo de máquina, nem chave de fenda. Nem sabe como dobrar as roupas, nem sequer passa as roupas.
Não vão entender meu jeito. Não ser compreendida é um abismo pra alma. Nunca fui mas no mínimo eu era.
Mas agora pensam: é uma senhora, portanto, tem óleo de máquina. Não tenho óleo assim cmo não tive marido e nem foi porque eu fosse feia, desprezada , a sociedade é porca, só valoriza as bonitas. Mas a beleza se inventa. Isso é bobagem. Ocorre que...
O sol hoje entra pela casa dum jeito que me deixa ofuscada. E a fala da faxineira foi cabal, ela me delimitou: antes de depois do óleo; Porque eu sou capaz de passar todo dia pela porta que está com ferrugem, empurrar a porta e nem ligar pra ferrurgem. Pois minha vida é uma ferrugem só mas eu tenho vindo empurrando tudo e conseguindo grandes voos que vistos de fora parecem nada mas pra mim são mais que voos. E não sou uma dona de casa embora tenha de tomar conta dessa , uma navio atracado no BraSIL ARCAICO.
A moça reclama da porta, pede óleo de máquina e me delimita. Não , não me erimporta a ferrugem da porta. Isso me delimita tabmém. Sou uma mulher quenão se importa com a ferrugem. Mas logo vão me emporcalhar e colocar numa prateleira cheia de óleo e vão me classificar querendo - porque sou velha= que eu seja , tenha sido, num passado de mãe e de óleo de máquina. Não fui mãe, bem que eu quis, mas ...Mãe ...Não houve tempo. Eu espanava a ferrugem, o caruncho, de tudo que me envolvia estando onde estou, assim com asas de voar e ferrugem...
Não quero perder a faxineira, mas , ela precisa me enxergar um pouco. Não sou a dona Marisa que mora em casario , tem 9 cachorros e 3 empregadas. Não sou tambem mulher de ter muitos cães - pensam que é pra compensar a falta de amores e filhos. Não tenho muitos cães.
Não fui menina de querer nem festa de quinze anos. Naquele tempo eu já disse que preferia um cachorro. Sempre arreliei minha mãe, inclusive, vendendo na surdina um piano que ela tinha me dado só pra exibir meus dons. Engoli os dons e vendi o piano. Vingança, meu bem.
E diz que não se contam intimidades no fcb, que isso aquilo. Eu escrevo em qualquer canto, na calçada, na parede. Uma vez levei uma coça, por ter rabiscado um galinheiro desativado , lá duma casa . Não pintavam a casa, os meus colegas riam da nossa pobreza , então, amasseis uns gizes, fiz uma pasta e pintei tudo. Mas apanhei. Mas escrever escrevo , pintar a coça levou.
Sou o que se arranha na mesa e no chão e imagine, meu bem, a faxineira me dando satisfação dizendo que o chão com essa cera , senhora!, não brilha. Entendo lá de cera, minha filha. Só comprei porque cê pediu,,,
Minha aluna me escreve...Justifica a falta. O namorado violento, drogado, leva prostitutas em casa, ela fugiu. E eu fico assim lendo isso e querendo que ela venha pra cá. Mas não posso. Não tenho mais a condição de acolher ninguém assim que foi tão eu antes.
Lamento. Sou a mulher que não acolhe e que não tem óleo de maquina e que precisa começar a se arrumar pois vai dar aula daqui a pouco.

Mas hoje o sol carregado, é que me deixou assim, nauseabunda.

O maior problema de quem pertenceu à geração que fez presença nos anos 1970 é envelhecer. Quer dizer...Não é bem isso, parece que ponho panos quentes nesta escrita ( aliás 'panos quentes' é expressão do tempo dos meus avós, eles, sim, botavam panos quentes sobre as feridas dos filhos. Não tive panos quentes na vida,vale dizer). Envelhecer é um percalço pra todos.
Fui contestadora .Li muito pra ter argumentos nos meus apartes. Ralei, sofri, fui expulsa de tanto mocó, conluio, do ' vem por aqui'. Caminhei como quis,fazendo escolhas, queimando o chão de andar de sandália de couro bem chinfrim. 
E hoje sou pobre, bem dizer, decaída. Mas não me arrependo e, se não ascendi socialmente, foi por gosto. Tenho, no entanto, o trunfo de me considerar uma pessoa sabida, cheia de conhecimentos e ironias. Isso porque,em vez de me especializar em área de conhecimento, andei fuçando tudo. E é, por isso, que me enfureço , quando vou a um banco maledeto , feito fiz agora; e uma gerente fala comigo feito se eu fosse uma tolinha; " Venha com seu cartãozinho e a sua senha. Assim, pode fazer a transferência para a conta do Bradesco".
- Moça, se sou cliente deste banco sei que é preciso ter um cartãozinho, uma senhazinha, para fazer a transferenciazinha. 
Que coisa essa gerente pensou de mim. Uma doida , decerto.
Surgiu a nova geração! Poderosa, sem grandes indecisões.Voa direto ao desejo de ascensão social. Classifica a todos e encontra a palavra exata para o que vê. 
Estou ferrada. Preciso aceitar a mudança. Mas hoje o sol tão carregado nesta cidade lotada de gente , feito caixa de ratos de laboratório, é que me deixou assim, nauseabunda. Não sou mais um rato que envelhece. Talvez eu seja a caixa! Ou, a falta dela. 
Puxa vida!
The Beatles - Norwegian Woodhttps://www.youtube.com/watch?v=lY5i4-rWh44&index=2&list=RDF3RYvO2X0Oo

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Uma única chance da sanidade, o ensino.

Desde a morte da minha mãe em torno da qual devo ter empenhado a vida, passei a viver envolta em sombras de tristeza.
Meu trabalho de professora já não era tão bom, eu tinha perdido o sentido dele. Aliás, passara a ser perdedora em todo sentido...
Mas hoje quando eu vinha dum médico onde fora p dizer que não quero mais tomar antidepressivo, que já chega, dou conta da vida , vi dois jovens no portão. Paguei o táxi e descobri que era a Lívia e o Guilherme, alunos do ano passado, que hoje estão na Santa Casa.
Foi um estranho e belo encontro. Pois pude entender duma vez por todas que a vida foi toda nebulosa, mas, não, essa minha mania de ensinar os jovens.
Gostam de mim, sempre achei que não. Que eu fosse um utilitário, feito uma borracha, um lápis. Gostam .
Uma única chance da sanidade, o ensino.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

A desenhista mediana

Quem numa cela, daí a corda, o balanço. E o impossível nem era o esboço, mas mapa completo. Rabiscar o vento pedia complexidade. Balança, balança e relata o outro lado do mundo. Lagos, fogo, bichos... Medonha noite, onde construísse a Casa. Que jeito permanecer viva no descampado?Como se permitir tresloucado sonho?
Se nem os pés encontram  um chão. Ali, aqui, nesta nova manhã.
Não desistir” – e a vida esvaía e ela, na tentação de encontrar caminho, houvesse urtigas, a lhe arranharem as mãos. Do sangue desenharia maçãs, a saia branca de minúsculas flores. Talvez no balanço chegasse às águas. Para que vaticinar urtigas? Sorria o azul, o verde, tantas texturas.
Em setembro, desenhava escadas no intento das copas. Árvores irmãs.
Mas as escadas ficavam tortas, apontando-lhe a certeza da queda. Chegou a esboçar asas, mas temeu o vôo. Volta o balanço, outra vez as escadas. E num contínuo, esmigalhando tudo.
Lá fora o ciclo e o giro. Envelhecia.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Uma média, pão com manteiga , a talha e a corveia.

Bom dia, café! Um dia, mais uma porta. Que surpresas me trará?
Dia é meu combate diário, repetição de gestos bem antigos, alguns bem rançosos, em que pese as novidades tecnológicas.
Vão aqui exemplos do ranço.
O supermercado. É a caça dos antepassados. Ai de quem não pode pagar! Vem o ''tigre'' e, morte certa: inanição, doença, depressão.
A limpeza: sujeira ainda mata e atrai peçonha. Nem adianta borrifar o bom ar. E bom se sacudir, sinhá.
Pagar contas: a talha e a corvéia medievos, por causa dos juros embutidos.
E caixas bancários: os confessionários da grande igreja contemporânea, o banco. Repare a resiliência do pagador na fila do banco! Cabeça baixa, conformado. Postura corporal de quem vive acuado. Ou de quem pecou! E quem usa o banco virtual encontra vírus pirata.
Outdoors, imagens de santo. Grandes painéis em que dormem contentes os velhos, com linda manta xadrez, ícone de proteção; no outdoor,  a moça é tão feliz!
Rezai para o outdoors, ponde-vos, de giolhos.

terça-feira, 8 de julho de 2014

fios culposos.



A madrugada fria não pretende carícias. Por isso, a tenda, bem alicerçada que é pra não teimar voo. Por companhia a lente, ajutório pra pôr ordem na coleção de desastres.


- culpa culpa culpa ...por esta meia que  aquece meus pés - meia etérea, meia de graça, meia dos astros: sinto-me um são sebastião , trespassado de fios culposos.

....

Vamos passear no parque, amiguinhos!

Não achei meus iguais. Indo ao parque toda manhã talvez eu me ache, quiçá nas folhas, quiçá, nos grupos de soldados ou até nos idosos chineses, ali, de uniforme branco,  em seus exercícios iguais, em busca duma saúde igual.

Eu sou da madrugada, a de ver crianças indo para a escola pública com seus agasalhos precários e de me enternecer tanto. E ter de cortar essa ternura por saber que, hoje, já não posso mais. 
Logo farei parte do grupo dos idosos e, se fartura houver, aprender o tricô, de linhas que se veem amigas.
Nunca fiz registro no coração dos humanos, paciência, que há de se fazer?
Amo de olhar, de olhar, de olhar.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

COPA

Arvores  dadistantacnai entre eleas,  fio de seda, feiitio a de fios coados sol rosa troncos em forma alongada não olho a copa falta de vontade do ponto onde estou a fileira as vezes chove e o espaço entre as arvores pega a cor do arco-Iris  que logo rola em  estou na cadeira de valano que foi do meu avó sei que as terras vendidas  sou alma penada  sem papel a não ser o de olhar  na transparência dos dias e pode rir quem delira é digno de dó mas prefiro isso às cordas do cipoal  agora ao menos vem-me dentro da casa voz de mulher e choro du bebê, ecos de outras mulheres e a outros vewves mas  na unidade sendo eu e uma mt teria sido feliz eu teria sido feliz m. me levaram da terra, não pude crescer nesta praia. Venho aqui dwe quando,  e setneom me na cadeira que foi do meu bisavo ,,,mas tudo  acabado, fantasma de fantasma dum pais e duns modos que mudaram tano que viro a pagina a cada dia e me pergunto o rumo, ságinas.
Faltam espátulas para abrir o caderno antigo, fo9lhas virgtens, já  roídas de gjcaaruncho. Depois vou AL pomar, o mundo  muda mas não a aossobra umbra dessas jabuticabeiras onde não pude brincar para não usjar o vestido, fetio uma bonequinha, fui criada feito bonieca por isso não sei usar o coração menos qualquer sentido. tiarangúsittiarangústia tiarangustica trote dum cavalo assim com unhas caçando com a ponta da estrela na testa libertas tiarangústic tiarangústia, vem salta muro não consigo na cadeira madeira boa  vai chegr urubu o tempo não tem espátula nalima dos qe foram e avaçançona estrrada findios fica pra trás meu aniversa - doindios as penas

https://www.youtube.com/watch?v=nk5uf9hva6M&feature=related

o peixe-pássaro



Na infância riram de mim
Na adolescência riram de mim
Os homens riram de mim
As mulheres riram de mim


Só o peixe-pássaro me afasta do mal
Só ele me ama...


E nunca estou só.

domingo, 6 de julho de 2014

O PEIXE MÁGICO...........................................


Se o mundo ficasse quieto, eu podia me ouvir, porque o barulho feio é a água no porão.
E desgraça é que escrevo no vidro que é por onde vejo o azul que não sou eu. Isso sei, graças a Deus! 
Sou um naufrágio por isso imito o peixe que de estar ali preso é perdedor de qualquer conta com o mundo. Ali quieto. Mas vai se salvar. Salvar é o jeito!
Minha condição podia ser a dele, é pior. Pra mim, vêm louças quebrando, tapetes batendo. Eu e eu. E o aquário  de se proteger com um cone e dentro, o peixe, feito à lume.
 Que caos é tão pendido pra totalidade? Que a única chance de silêncio e sentido é o lume e o silêncio. O lume me divide ao meio. Nem aqui, nem ali. Por isso, bom mesmo é o silêncio, mas a música inclusa nele.  Silêncio assim não significando omissão, descaso, isso também é silêncio. 

Barcelona Sessions #2 Milagre dos Peixes



sábado, 5 de julho de 2014

Conhecer é perceber o que acontece sempre ou frequentemente

A farra dos crus
De medo, a gata escondeu-se embaixo do fogão. E toca a achar a gata.
Depois, sobe e desaparece.
Tudo por causa dum medonho e cru que atiçado na brasa do campeonato torna-se agente dum foguetório bem no miolo da calçada. Não parou e , por fim, eu indo à pizzaria, salto feito pipoca eu, na calçada, por conta doutro rojão calibrado.
- Seu filha...
Até os anos sessenta mulher não falava palavrão.

.................

Pizza& celular

os casais mais jovens - com ou , sem filhos- olham o celular. 
Daqui um tempo as paredes ressentir-se-=ão do olhar humano.


Lá vão os homens na enganosa velocidade

Olha que já saí do escuro, o que vejo agora é uma escada surgida do porão. Alço a sala e rasgo a janela. Lá vão os homens  na enganosa velocidade.

Não há como viver no tempo de hoje sem acompanhar o ritmo doente. É preciso saltar, rasgar cortinas obscuras. 

 Melhor tentar o passo dos homens lépidos. Sem perder o compasso alcanço a penumbra 
e os pratos girando.



Quando a professora vê que seu aluno é muito conservador e também...


(De'' A professora particular'', dos originais dum livro que talvez fique pronto) 

O que ela faz se o aluno que ele ama diz que preferia ver os moradores de rua numa melhor? E melhor, aí, é mortos?
O que ela faz se treina alunos para passarem no vestibular de medicina? Deve parar de dar aula?
Diria que sim, fosse há algum tempo. Perdi alunos por causa dessas posturas. Eu pedia que saíssem do curso. Mudei.
Mas hoje fiquei estarrecida quando um rapaz confessou ser indiferente ao fato de que os doentes mentais morram abandonados nas ruas. Mas justo ontem numa conversa com dois queridos discutimos exato isso. E foi o que lhes disse.
Falei do pensamento balde. O que é? Feito classificar pessoas e colocá-las em baldes coloridos. Assim. Todos os coreanos são metidos. Ou, meninas loiras de classe alta são metidas. Fica fácil isso. O pensamento geralmente gosta da facilidade. Pensar de verdade cansa.
Tive um aluno inteligentíssimo para quem a solução para os sem-teto seria a neve: " Caísse neve no Brasil e morriam todos. Fosse na Europa , eu queria ver...".
Simples pensar assim. Até porque tenho a impressão de que o pensamento gosta de simetrias. Os desenhos dos azulejos com figuras apontando pra lá e outros quadrados pra cá descansam os olhos.
Quem diz que é esquisito ver uma menina baixinha namorando um cara enorme? Quem diz que não namoraria uma gorda? Quem diz isso gosta de simetria. Mas pensemos, disse eu. O olho precisa reaprender que a riqueza pode estar no que é assimétrico, seja nas formas, nos costumes, na maneira de pensar. 
Por tudo isso, resolvi que é melhor aceitar o aluno do jeito que ele é. Porque o conservador tem o direito de ser conservador. E tem o direito de falar o que pensa. Ficar chocado com ele e tocá-lo da vida não é bom. Trocamos ideias então?
Fui uma menina criada em família de pai conservador e mãe pseudo-libertária, quase barroca, torcendo-se e talvez sofrendo em suas contradições.
Eu quis rasgar de mim os conservadorismos e pulei de cabeça no risco de pensar por mim. Mas no começo discriminei os conservadores. Relacionei-me com pseudo-libertários e leve na pele as balas e facadas do que um libertário confuso pode fazer com alguém.
Daí, do alto dos meus mais de cinquenta anos, a quase velha de que tanto falo, vejo-me no direito de ser conservadora quanto quiser. E libertária por natureza. Ganhei - depois de tanto sofrer - um lugar bom na montanha dos pensadores. Sou livre, ou quase.
Deixo os conservadores jovens serem o que são e diálogo com eles. Porque há esse equívoco de jogar o que é confuso no balde das ideias fáceis.
Certa vez um aluno querido me afirmou que gostava do darwinismo social, assim, quem pode vive, quem não que baixe e vá morrer na sarjeta.
Argumentei a ele que não há chances para todos e que nada é em linhas reta e que a economia não pode ser biologia. E argumentei que nem tudo é ideologia. Sei que a ideologia vem por tabela na cola da economia. Foi confortável para os burgueses ascenderem socialmente as máximas dos iluministas. Liberdade sim, para os burgueses terem força pra lutar e tomarem  o pódio. 
Mas creio no humanismo como uma evolução da espécie. Somos mais solidários hoje porque entendemos que o outro merece tudo assim como eu. Nesse sentido o cristianismo é um humanismo. Não tenho medo de dizer que sou cristã. 
Porque na Antiguidade falar em amor era coisa de mulherezinhas - que eram consideradas nada nada naquele tempo. Cristo falou em amor ao próximo. Claro que as bases feudais gostaram das ideias cristãs, pois, com elas, subjugaram os servos, que aprenderam, inclusive, a submissão e cresceram na crença de que só o sofrimento salva. E assim não reivindicavam nada.
Podemos pensar que a solidariedade é um modo de a humanidade sobreviver. Vamos de mãos dadas,nós, espécie animal, sem dentuças ou garras, sem urros e maiores defesas.Vamos juntos para nos garantirmos no planeta. Podemos pensar nisso.
Mas, além disso, há o humanismo, consciência de que, se queremos evoluir mentalmente, se queremos nos tornar mais felizes, devemos buscar o bem de todos. Reparemos o quanto ficamos bem quando de nós brota o amor e não, a raiva. O quanto dói odiar as meninas ricas que nos desprezam.
Passei a vida mastigando vingança pelo que meus amigos do colégio fizeram comigo. E fui infeliz.
Já vi em alguns alunos a reprodução dos babacas que riam da minha cara só porque eu fosse mineira, só porque eu fosse baixinha, só porque eu fosse tímida.
Uma vez tive a manha de buscar no orkut todos os colegas do prezinho e fazer um encontro. E não ir ao encontro. Só para me vingar.
Eu era muito magoada. Mas vejo que aquilo me prendia.
Amar o conservador sim,claro. E tentar trocar ideias com ele. Foi o que disse ontem a um aluno ,  que é o máximo de inteligente e que vem cultivando ideias ultraconservadoras. Li com ele uma entrevista com a candidata francesa, a Marine Le Pen. E concordei que ela diz coisa com coisa. Ela pode estar certa quando vai contra a globalização e a entrada de mais imigrantes do que que a França comporta. Mas eu ponderei: o que importa é o que ela pensa em fazer com os imigrantes. E o como ela pode vê-los como bode expiatório para a crise europeia. A culpa não é dos imigrantes.
Só vamos nos libertar de ideias prontas, das ideias simplificadoras, se nos colocarmos a tarefa de ler.É pela leitura vária que entenderemos os porquês das lutas de classe,  das lutas entre etnias.
Tive um professor no cursinho que mudou a minha vida. Ele me treinou para ser marxista. Eu me apaixonei por ele e virei marxista. Não cheguei a namorar com ele, que era bem mais velho que eu e no meu tempo alunos não namoravam professores. Mas a paixão me desviou do caminho. Foi e não foi bom. Eu teria entrado no cursinho para ser psicóloga e fui parar nas ciências sociais.
O professor mudou meu caminho. Eu me tornei insuportável, pegando no pé de minha família e até de minha avó que tanto me amava e que não sabia que o discurso dela emparelhava-se com o mais conservador. Vovó achava que os negros eram inferiores. Peguei pesado com essa avó. Ela teve seus últimos dias de vida bem longe de mim,  na época, nas ciências sociais e cheia de palavra de ordem.
Vovó não mudaria mas era boa. Tirava roupa do corpo para cobrir o mendigo que dormisse na rua. Que culpa tinha ela de ter aquela ideia? E outros conservadorismos que eu também execrei. Em plena época da liberdade sexual eu me via como uma moça totalmente 'travada' tanto ouvira dela a ideia de castidade. Quem podia falar em  castidade nos anos setenta?
Hoje,apaziguada não penso que castidade seja coisa boa, mas também não penso que possa ser uma aberração. O que realmente importa é avaliar o que você viveu e como é que se safou das coisas, o que tirou delas. A vida há de ser um aprendizado inteiro, constante. 

Quando a professora vê que seu aluno particular com quem ela discute humanidades se mostra com pensamentos conservadores?
Ela não deve fazer nada. Não pode evitar de amá-lo; não pode evitar de amá-lo menos, ou não amá-lo.Mas precisa ver que ele é uma pessoa e que como ela foi,  ele é jovem. E o jovem se sente atraído a coordenar sua impressão do mundo. E quase sempre é atraído por radicalismos, seja lá que ideologia seguir.
Por isso lhe digo que ainda que tome posturas repense-as.  Isso é novo, somos novos o tempo todo, novos até para aceitarmos certos conservadorismos.
Não é preciso encher a cara para provar que é solto, descolado. Não precisa queimar fumo pra dizer isso ou aquilo.
E, se for queimar fumo, que não faça disso uma grandeza. Queimar fumo é só queimar fumo. E se pode abrir a cabeça pode também tirar a memória. É por isso que sou a favor da liberação das drogas. Só assim vamos discuti-las sem espanto,moralismos.
Tive amigos com problemas psiquiátricos que de tanto usarem drogas piraram pra sempre. Tive amigos que com drogas e muita contestação ficaram tão distantes dos pais que se mataram.
Não dou regras, não sei o que é a vida,como fazer da vida. Mas sei que é preciso aceitar quem seja conservador e conversar com ele.
Porque a sociedade já envelheceu, apodreceu quase, em lutas ideológicas que não levam a nada. A conversa,  os fóruns de discussão, e , sobretudo, a busca de uma paz interior que não se deixe assombrar pelo outro , o diferente, o que me ameaça,seja porque me humilha, justo porque é mais rico que eu; o diferente que afirma que judeus são do mal. Conversar. Conversar com eles. Há chance de demovê-los das ideias mais brutas. 

jack Johnson

http://www.youtube.com/watch?v=pNlmn7vbXBQ

A afinação dos peixes

Arrebento da cabeça a tampa,
Deixo a escorrer tinta e silêncio.
E escuto a afinação dos peixes,
Escorrendo e, em cuia.
Sobre a mesa, cortados, tremem.
Melhor amarrar um ao outro,
Peixe devora peixe, é a vida...
Mas o meu amor não é peixe.
O meu amor são todos os peixes.


Wes Montgomery - The Girl Next Door (1965)