sexta-feira, 27 de junho de 2014

A crônica do fracasso

Tem o superego rigoroso.
 "Olha aonde vai se meter! 
E sua mãe: o fim é a sarjeta".
Descobri que era artista aos 22 anos, comecei a desenhar...Isso, depois de ter feito rondas por várias universidades. Era bem perdida. E depois de, no colégio, ter sido considerada uma estranha   chata, paradona, ''cata-moscas'' ( é o que dizia uma 'amiga'). De repente,  virei uma moça ''inspirada''.
Mamãe havia sido artista de palco, cantou, foi atriz.  Acabou se casando. Claro que não foi feliz - desconfio que não -  mas teve êxito financeiro, melhor que miséria e desamparo.  
Este, o meu medo. E foi  por isso a psicóloga junguiana  me transformou( plim!) numa professora particular de redação.  Deu certo!
O problema é que transformei as aulas em pura brincadeira. Nem me importei em guardar dinheiro.  Fazia e tenho feito das aulas teatro, desenho...O tempo passa.
Continuo sensível. E foi esse estado  que me fez prestar atenção ao vendedor de violinhas, ali, perto do Itaú. Carregava pesada beleza de uns olhos muito azuis azuis. E, uma espécie de tristeza que o teria feito sumir da paisagem, não fossem os olhos e as violinhas. Falava cerimonioso e humilde. 
Pensei no meu irmão, artista mais fracassado que eu ; sequer conseguiu coisa concreta na vida.  Hoje mora num hotel. 
Na real, vi meu irmão- e eu - no tal tal homem.
Quis ajudar, forjando assim meu quinhão de esperança para o tempo em que capengarei vendendo violinhas. Melhor confiar na futura bondade alheia.
Comprei três violinhas : uma azul cor de loucura; outra , amarela , cor de  enorme decepção com os homens e, com a vida. Porém há uma cor secreta: simboliza minha fracassada história.

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