quinta-feira, 3 de julho de 2014

Meus problemas com ruídos vêm de longe....

Este texto é de 2010


Uso o eu com dignidade, ainda que, sob a vigilancia do apito do maldito guarda, tantas vezes morto, na tortura de não suportar barulho e ruido. Uso a primeira pessoa com dignidade, limpa da culpa de, por azar ou fado, exagerado ter nascido em terra e no tempo de limpeza dos vestigios de qualquer lateralidade pendida prum baque -  do cume ao chão -  com as mãos, estas sim, subjetivas, de sofreguidão de aguentar um peso ainda que fechando os olhos, na visão do precipício.


Decência é um eu, arranhado sob espécies já secas. Olhar a odisseia desse eu  gelado mas, partido e, porque partido, necessitando de cura, esta que se dá apenas, acossada em primeira pessoa do singular.


Neste ruído de apito de guarda-noturno, o bico de apitar para afugentar peçonhas; nesse uivo de gente que vê o futebol.  Gritasse menos, ai meu Santo Expedito! Livrai-me da tentação de achar que quem grita me invade.  
O guarda aperta o bico, o garfo, rasgando a pele num 'i', pior que o mísero som, maligno, cujos passos pretendem guardar um grupo que hoje vê o futebol e, inclusive, esses meninos chegando a Terra e crendo na bola e no pé. Felizes meninos, eu também sou feliz. 


Porque uso o eu, com dignidade, sem medo e gritando gol gol gol...Porque escrevo é com olhos fechados , na necessidade de desmaiar no capim o de dentro da minha cabeça , feliz, porque sou eu e eu , conforme escrevi, digno e sem vergonha.  .

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